Adoro aeroportos. Tenho a sensação de movimento, de continuidade. De ir e vir. Ou de vir e ir.
Sensação do novo que surgirá, mesmo que o destino seja conhecido. Sensação de que algo ficou prá tras. A vida é um exercício de encontros e despedidas. No aeroporto é gente que chega, é gente que vai. Adoro observar o ir e vir constante. Movimento é vida!
Mas não gosto de voltar. Só gosto de ir. Voltar é retornar ao ponto de partida. IR é seguir em frente... movimentar-se!
Tenho a mesma sensação de bem estar nas estações de trens. Meu passatempo preferido é observar pessoas. De perto ninguém é normal.
Tem um livro do Franz Kafka, Diários de Viagem, onde ele viaja e observa pessoas. Anotações sobre o que observa de cada um. E na introdução, ele escreve:
"Estar sentado num vagão de trem, esquecer disso e viver como se estivesse em casa. Mas de repente lembrar de onde se está, sentir a força do trem que nos transporta, transformar-se em viajante, tirar da mala um boné, tratar o companheiro de viagem com mais liberdade, com mais generosidade e insistência, deixar-se levar até a nossa meta sem esforço, sentir isso tudo como uma criança, tornar-se o favorito das mulheres (ou dos homens), sentir-se incessantemente atraído pela janela, colocar sempre ao menos uma das mãos no peitoril.
A mesma situação, mais precisamente delineada: esquecer que se esqueceu, transformar-se num instante em uma criança que viaja sozinha num trem expresso, e em redor de quem o vagão, fremente de impaciência, se materializa em pormenores, como se surgisse das mãos de um mágico” (Kafka)
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