Motivos

Compartilhar o que descobri e vivenciei pelo mundo. Contar as novidades que podem ser úteis para alguém, como dicas de viagens adquiridas por experiência pessoal. Dizer de viviências e transformações da alma. Às vezes filosofar um pouco.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Era uma vez uma menina...


 

Era uma vez uma menina. Uma menina de olhar curioso e espírito inquieto. Que vivia no mato. Que cresceu no mato. E essa menina de olhar curioso aprendeu a observar. Primeiro observava as formigas, os insetos. Mantinha uma sincera amizade com os patos, os sapos e as galinhas. As plantas eram testemunha. Era seus cúmplices de aprendizado, seus amigos.
A medida em que ia crescendo e desenvolvendo seu olhar, observava mais. Todos os dias! E assim, crescendo como um broto rompendo a semente, aprendeu a ver as coisas maiores, os animais da fazenda, as plantas, a terra, o sol, as estrelas e a lua. Banhos no rio. Passava o dia entre seus amigos da natureza.

Flor de pêssego.
Se tinha fome, comia pêssegos, goiabas e laranjas. As árvores doava seus frutos doces e maduros. Brincava com bonecas de milho verde, pois seus cabelos eram iguais. E naquele turbilhão de informações, encontrava suas respostas.
E a menina cresceu. E as meninas curiosas e inquietas transformam-se em mulheres curiosas e inquietas. Seu olhar é profundo e forte mas sempre com espírito inquieto.
Afastou-se do mato, perdeu o contato, sumiu os amigos! E abriu um abismo na alma. Mas aquele olhar curioso espírito inquieto da menina continuava.
Buscou em todos os lugares respostas para a inquietude. Nada encontrou. E a menina queria mais, mas cada vez tornava-se cética. Queria acreditar em algo, mas havia somente vazio.
Um dia, a mulher encontrou um Caminho. Um Caminho curioso e espírito inquieto!!! Não encontrou respostas, não encontrou crenças. Encontrou um caminho. O Ser individual encontra o Ser coletivo. Não precisou acreditar. Apenas confiar. Abandonar a razão e agir com o coração.
E a mulher de espírito inquieto e olhar curioso resgatou a essência. E do resgate reencontrou a menina de olhar curioso e espírito inquieto. E a menina já sabia as respostas! Estava no mato, na lua, nas estrelas, na terra. Nos bichos e nas plantas. E tudo isso estava dentro da menina de espírito inquieto e olhar curioso. E ela encontrou seu caminho.... Dentro do coração! E a menina foi feliz para sempre...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Mochileira!

Berna - Suiça

Já escrevi sobre viajar. Adooooooro. Mas prefiro viajar de mochila. Desde que fiz o caminho de Santiago, percebi o quanto é legal colocar um mochilão nas costas e sair pelo mundo. É maravilhoso sentir-se livre, sem "malas" pra carregar, arrastar.
Mas viajar de mochila é muito mais que simplesmente eliminar malas. É conseguir reduzir drasticamente a montanha de roupas e sapatos. Afinal, quem já conseguiu usar TODAS as roupas e TODOS os sapatos que se leva em uma viagem? É também conseguir evitar de comprar aquelas coisinhas para turistas que entopem nossa casa e fica juntando poeira, pois na mochila não cabe muita coisa. Mas, viajar de mochila é, acima de tudo, sentir alma leve!
Mas para melhorar ainda mais, que tal viajar sem roteiro definido? Uma beleza! Decidir o destino na hora de comprar o ticket do trem. Chegar numa cidade desconhecida, idioma desconhecido.... Tudo muito fácil.
Dica 01- Informações Turísticas: Assim que chegar numa nova localidade, procurar o atendimento ao turista. Todos os aeroportos, estações de trens, ônibos possuem informações turísticas. Nas cidades também existem locais. Alí se consegue local bacana para hospedar mochileiros. Afinal, mochileiro é sempre desprovido de recursos para hotéis caros.
Dica 02 - Hospedagem:  Albergues, é claro. Se for baixa temporada, nem precisa fazer reserva com antecedência. Mas se for periodo de alta temporada, existem vários sites para fazer reservas, e funcionam direitinho. Vejam algumas dicas:

Depois darei mais dicas, pois o objetivo de hoje é falar do espírito mochileiro. Embora a maioria dos mochileiros do mundo sejam jovens, nada impede que nós, mais experientes, sejamos dessa tribo. Aliás, mochileiro é desprovido de preconceitos. É estar de coração aberto, permitir-se conhecer pessoas, lugares com seus proprios olhos e pernas. Coisa mais chata é viajar por meio de agências de turismo, onde se conhece apenas aquilo previamente formatado, lugares turísticos, restaurantes lotados.
Mochileiro compra comida em supermercado e aproveita pra dar uma espiadinha do modo de vida do lugar visitado. Prepara a comida na cozinha do albergue e aproveita para conhecer pessoas que estão cozinhando também. Troca idéias e sugestões enquanto cozinha, divide a mesa do jantar com algum desconhecido e dali alguns minutos já pode ser seu amigo.
Falar um inglês mais ou menos é fundamental! Quanto mais, melhor.

Mas mochileiro também desfruta de boa comida. Bons vinhos! E aproveita pra tirar umas fotos e mostrar para os amigos:




Ser mochileiro é uma arte. Imaginem a paciência para dobrar as roupas, encontrar um par de meias. Usar roupas amassadas. Mas descobre-se que ter muito é desnecessário, o excesso incomoda. Viver livre, leve e solto é descobrir a verdadeira essência da existência.
Enfim, apenas ser!
Até o proximo post.



domingo, 19 de dezembro de 2010

Caminho de Santiago.

Texto escrito em 2006:


Percorrer o Caminho de Santiago de Compostela não fazia parte de meus planos. Pretendia ir para a Espanha fazer uma imersão no idioma local. Pesquisando sobre o país, encontrei sites sobre o caminho – e foi assim que decidi. O caminho surgiu na minha vida e me atraiu. Sem objetivos religiosos.
Ao pesquisar sobre esse estranho e místico trajeto, percebi uma oportunidade de fazer uma pausa na vida. Estava numa fase em que minha alma gritava: “PAREM O MUNDO! QUERO DESCER!”
Pesquisei as cidades a serem percorridas, o que levar, as dificuldades... fiz uma preparação física já com a mochila e o tênis. Fiquei condicionada a escolher tudo que fosse leve. Desde a mochila até os sapatos e o saco de dormir – escolhidos com muita calma. Nada de brincos, batons ou cremes: só um protetor solar. E ainda assim, minha mochila pesava 8 kg. Descobri que para viver precisamos de muito pouco.
O caminho
Iniciei em Roncesvalles, bem perto da França. É o trecho mais tradicional. O ideal é reservar uns 40 dias (780 km), mas eu só tinha 30, então peguei um ônibus entre Burgos e León (230 km). É um caminho de pessoas comuns, parece uma Torre de Babel. Gente de vários países e idiomas diferentes. Foi um exercício de encontros e despedidas. Encontrei pessoas de 20 a 85 anos caminhando ora sob sol forte, ora sob chuva, frio, calor, cidades medievais, pueblos (pequenos povoados)...
Nos dias de chuva e lugares desertos, a viagem é ao nosso interior. E que viagem! Nos transforma e nos faz descobrir nossa força e coragem.



Dormir num albergue é algo fora do comum. Me lembrou a “noite de pijama” na escola. Ambientes coletivos, com 8, 10 ou até 100 pessoas. Há sempre alguém que ronca... solta pum! Mas esses ambientes coletivos proporcionam uma comunhão entre as pessoas.
Tínhamos que deixar o albergue até as 8h da manhã, andar até as próximas cidades, almoçar (ou não) e escolher um lugar para tomar banho, lavar a roupa do dia e dormir. O jantar é essencial. Se temos companhia, jantamos juntos. E é uma festa porque os vinhos espanhóis são maravilhosos e baratos. Afinal, ninguém é de ferro.
A chegada
Chegar em Santiago de Compostela não é o mais importante. Pois lá se pode ir de avião, carro, ônibus... o importante é o dia-a-dia da caminhada. O esforço permite que a chegada em Santiago seja algo muito emocionante.
Existe um ritual para fechar a peregrinação em Finisterre – a uns 80km de Santiago e é o ponto mais ao oeste da Europa, onde os povos antigos pensavam ser o fim da terra. Chega-se ao oceano Atlântico onde existe um local nas pedras para se queimar as roupas ou objetos pessoais usados na peregrinação. É um gesto simbólico: nos livramos de coisas ou problemas que não se queremos mais. É uma sensação muito forte.
No último dia, ao retornar de Finisterre, sentei na praça em frente à catedral de SAntiago de Compostela. Fiquei ali parada sem perceber o tempo, observando o nada. Tive então a verdadeira noção de que até o tempo é relativo. Aliás não existe tempo. É o passado e o futuro fundindo-se no presente. É o eterno...


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Aeroporto!

Adoro aeroportos. Tenho a sensação de movimento, de continuidade. De ir e vir. Ou de vir e ir.
Sensação do novo que surgirá, mesmo que o destino seja conhecido. Sensação de que algo ficou prá tras. A vida é um exercício de encontros e despedidas. No aeroporto é gente que chega, é gente que vai. Adoro observar o ir e vir constante. Movimento é vida!
Mas não gosto de voltar. Só gosto de ir. Voltar é retornar ao ponto de partida. IR é seguir em frente... movimentar-se!
Tenho a mesma sensação de bem estar nas estações de trens. Meu passatempo preferido é observar pessoas. De perto ninguém é normal.

Tem um livro do Franz Kafka, Diários de Viagem, onde ele viaja e observa pessoas. Anotações sobre o que observa de cada um. E na introdução, ele escreve:


"Estar sentado num vagão de trem, esquecer disso e viver como se estivesse em casa. Mas de repente lembrar de onde se está, sentir a força do trem que nos transporta, transformar-se em viajante, tirar da mala um boné, tratar o companheiro de viagem com mais liberdade, com mais generosidade e insistência, deixar-se levar até a nossa meta sem esforço, sentir isso tudo como uma criança, tornar-se o favorito das mulheres (ou dos homens), sentir-se incessantemente atraído pela janela, colocar sempre ao menos uma das mãos no peitoril.
A mesma situação, mais precisamente delineada: esquecer que se esqueceu, transformar-se num instante em uma criança que viaja sozinha num trem expresso, e em redor de quem o vagão, fremente de impaciência, se materializa em pormenores, como se surgisse das mãos de um mágico” (Kafka)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Viajar!

Viajar é sair do lugar comum. É arriscar-se a mudar seu SER para sempre. Certamente, ao voltar de uma viagem, nos nunca voltaremos o mesmo. É por isso que gosto de viajar. Mas para que isso aconteça, é necessário deixar-se ir, leve, livre, solto. Permitir que o lugar entre em seu corpo, em sua alma. Deixar o ar atravessar o corpo.
Livros nos fazem viajar mentalmente. Mas é incomparável a viagem de corpo e alma! Olhar, sentir, cheirar, saborear, tocar! Todos os sentidos experimentando as novidades, as diferenças.
Quem gosta de viajar, diga: EU!

Nos próximos posts irei compartilhar minhas experiências turísticas. Por enquanto, vamos desfrutar um texto do Amir Klink que encontrei no livro "Mar sem fim":

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Livros!

Adoro livros! Adoro comprar e ganhar livros. Assuntos variados. Meu problema é querer ler todos ao mesmo tempo. Mas minha hiperatividade não me deixa começar e terminar um livro de cada vez. Esse assunto me faz lembrar o filósofo Schopenhauer, que diz que quem lê muito, pensa pouco. Mas isso é uma crítica aos eruditos que leêm e apenas reproduzem o pensamento de outros autores. O verdadeiro intelectual é aquele que usa mais o proprio pensamento do que os conteúdos dos livros. Schopenhauer compara o erudito como uma pessoa careca que usa peruca, ou seja, não é capaz de produzir seu proprio cabelo (usa o pensamento de outro), diferente dos que tem seus própios cabelos (possui seu proprio pensamento).

Penso que temos que ter cuidado em não nos alienar. Ser capaz de ter nossa propria percepção, sem condicionamentos.

Uma vez conversava com uma pessoa sobre Nietzche e eu dizia que gostava muito daquele filósofo. Essa pessoa disse-me que não gostaria de ler Nietzche porque não concordava com o fato daquele filósofo não acreditar em Deus. Ora, se tivermos que ler somente aquilo que concordamos, como iremos conseguir perceber as várias faces de uma questão?

E por falar nisso, lembrei-me de uma pequena história de Fernando Pessoa, que disse ter encontrado um amigo que tinha brigado com outro amigo. O primeiro amigo contou-lhe a versão e ele deu razão a esse amigo. Mais terde encontrou o segundo amigo que contou outro ponto de vista, e que também tinha razão. Assim, Fernando Pessoa conclui: Fiquei confuso pela dupla existência da verdade.

Continuo adorando livros! E livros de papel, que posso tocar, cheirar, sentir, carregar comigo.
Até o próximo post.

Inicio!

Todas as vezes que iniciamos alguma coisa, certamente deixamos de fazer outras. Inicios é quando o novo substitui o velho. O novo é mais estimulante que a conhecida rotina. Dá um pouco de insegurança, pois andar por caminhos conhecidos é menos perigoso. Porém, quando já não se vê mais cores e flores no caminho, quando tudo parece igual, é hora de mudar.

Resolvi fechar um ciclo e iniciar uma rotina totalmente nova e desconhecida. Aos poucos irei escrevendo aqui no blog sobre essa importante mudança de rumo.

Aliás a decisão de fazer um blog já é iniciar um novo caminho. O problema é que a danada da mente fica martelando: hummm, tenho que escrever textos geniais para impressionar. Oh céus! Como é difícil deixar o nosso SER apenas SER.

Voltanto a questão de iniciar novos ciclos, muitos autores defendem que ter um objetivo, uma meta é fundamental para o sucesso. Eu discordo em parte. Penso que é preciso ter um rumo. Se estivermos na direção correta, certamente conseguiremos o que queremos.

Pergunto: O quê queremos? Porque temos que planejar tanto, de ter tantos objetivos? Temos noção do que realmente queremos? Uns podem dizer: Quero um carro novo. Outros: Quero uma casa, um apartamento novo. Viajar, estudar. Prá que? Ora, certamente prá ser mais feliz. É isso que te fará feliz? O que te faz feliz faz também alguém feliz? Quanta pergunta hoje, eihn? Bem, aí entra a questão de valores. E valores são condicionamentos do meio.

Logo, o que desejo, o que me faz feliz também é condicionamento? No silêncio mais profundo do nosso ser é que poderemos responder essas questões.

Até mais.